O título do texto é bem explicativo e ilustra perfeitamente a relação complicada que alguns médicos têm com o propagandista e a indústria farmacêutica. Não me cabe julgar aqueles que optam por não nos receber. Eles têm todo o direito, e eu respeito profundamente essa escolha. Entretanto, é necessário que haja coerência.
Por exemplo, vivenciei uma situação em que visitava uma clínica de cardiologia e havia um médico que não gostava e não recebia propagandistas, mas pegava amostras e outros materiais de seus colegas médicos, que eram deixados por quem? Propagandistas. Ué? Vamos pensar. Ele não é obrigado a receber, mas deveria ao menos ser coerente e preservar o material que foi destinado a outro profissional. Talvez seja importante esclarecer aos desavisados que o propagandista / indústria farmacêutica está batendo à sua porta com o mesmo objetivo (contém ironia). Um pouco de respeito e empatia pelo trabalho que desempenhamos é o mínimo que se espera.
Ignorar a nossa presença pode parecer, à primeira vista, uma postura ética ou uma tentativa de evitar a comercialização excessiva da medicina. No entanto, isso não deve se traduzir em um comportamento arredio. Se o médico vê valor nas amostras e nas informações fornecidas, deveria considerar a possibilidade de um diálogo aberto, entendendo que esse relacionamento pode ser mutuamente benéfico.
Respeitar não implica em aceitar passivamente tudo o que oferecemos. Trata-se de reconhecer a importância do nosso papel e manter uma relação profissional baseada na coerência e no respeito mútuo. Assim, poderemos construir um ambiente mais colaborativo e ético, onde a principal beneficiada é a saúde dos pacientes.
